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Diário de bordo – Rafael Incao – Whitehaven

14/07/14

Vim para esses lados da Austrália com dois objetivos; Visitara Grande Barreira de Corais e também conhecer Whitehaven Beach, tida por muitos como a praia mais bonita do mundo.

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O ponto de partida para ambos destinos pode ser Hamilton Islands ou Arlie Beach. Dada a extensão da grande barreira, muitas pessoas preferem ir mais pra cima ainda no país, até Cairns. Eu optei por ficar mesmo na região de White Sundays, pois consigo ver as duas atrações com uma parada só.

Hamilton Islands é o ponto de parada das famílias e também dos ricaços solteiros. Grandes resorts, com custo de mais de 300 dólares por noite.

Arlie Beach é o paraíso dos mochileiros, com diversos Hostels mas também possui seus super resorts. Foi em Arlie Beach que escolhi ficar.

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Para se chegar à Arlie há duas opções de aeroporto: Proserpine ou Hamilton Islands. Optei o de Hamilton pelas vantagens de tarifa no dia do meu embarque, mas acabou dando na mesma, pois paguei 48 dólares por um ferry que me deixou em Arlie Beach.

Apesar do custo ter sido o mesmo, valeu somente pelo fato de ter visto o aeroporto de Hamilton. Eu tenho uma paixão eterna por ilhas, onde tudo é mais simples, mais cortês e mais cordial. O aeroporto de Hamilton é sem dúvida um dos o mais simpático que vi ao redor do mundo.

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A pista termina no mar azul turquesa típico da região, e todos os trajetos dentro do aeroporto, e da ilha como um todo , são feitos em carrinhos de golf. Um barato.

Chegando à Arlie Beach, como de costume tirei meu primeiro dia para reconhecimento do local. A cidade é bem tranquila, com bastante turistas andando pela via principal. Há um porto pequeno mas bem bonito, onde descansam os veleiros e iates da burguesia Arliana.

Nadas no mar não é recomendável em Arlie Beach, pois há uma grande quantidade de águas vivas morando ali. Sabendo disso, o governo local fez uma piscina bem grande à beira mar, com água salgada e livre das águas vivas.

Andei, andei e andei pela orla de Arlie. Parava um pouco, escrevia, parava de novo, tomava uma coca cola e comia algo. O dia foi bem tranquilo, mas cheio de energia.

 

15/07

Eu estava sedento por ir o mais rápido possível para a Grande Barreira de Corais e para a melhor praia do mundo, mas olhando a previsão do tempo para o dia de hoje e de amanhã, resolvi adiar meu tour por um dia.

Acordei cedo, peguei o netbook carregado estrategicamente durante a noite e fui para a praia escrever.

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Estou produzindo um e-book de orientação à todos aqueles que pretendem viajar o mundo, mas tem algum tipo de receio ou restrição. Minha ideia é mostrar que hoje é possível chegar a qualquer lugar da Terra para todos aqueles que realmente queiram por o pé na estrada. Busco também desmistificar coisas como “Quem viaja pro exterior é filhinho de papai”.

Nada mais inspirador do que escrever um material desse tipo inspirado pelo barulho das ondas, e mal percebi quando me dei conta que passei mais de 12 horas escrevendo. Ajudou muito ter uma tomada ali mesmo na praia (!), não limitando meu tempo pelo tempo de duração da bateria do net.

Minha meta era ter o e-book terminado ao final do dia, e fiquei muito satisfeito por ter concluído à missão. Agora é revisar o texto, montar a arte para que ele fique LINDO, e distribuir para todos aqueles que querem percorrer o mundo.

Dormi cedo, pois com a minha proposta de não usar relógio ou despertador durante a viagem preciso ficar atento para não perder o horário do tour.

 

16/07

Chegou o tão aguardado dia da viagem.

Sempre que monto meus roteiros, monto-os baseado em uma (as vezes mais) cereja do bolo. Normalmente não coloco a tal cereja nos primeiros dias de viagem, pois não só vale o momento em si como também a expectativa por ele.

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Também existe o fato de que depois do melhor lugar da viagem, os próximos acabam perdendo um pouco sua graça; Afinal, depois de estar na praia mais bonita do mundo, não haverá tanta graça em estar em outras praias nos próximos dias, quando o critério de comparação ainda está fresco na memória.

Fomos com um barco inflável para nosso tour, que andava a uma velocidade incrível nas águas azuis turquesa do mar local. Em nosso barco havia um guia que era uma figura, e sem dúvida umas pessoas mais bem humoradas que já vi na vida.

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Depois de cerca de 40 minutos no barco paramos para mergulhar em uma parte da Grande Barreira de Corais. Dizem que é a única formação que dá para ser vista da lua, mas não posso afirmar pois nunca estive lá. Estou pensando em organizar um mochilão pra lá, mas por enquanto são apenas planos.

Mergulhar é para mim uma das melhores sensações que existem. Na verdade não fiz um mergulho propriamente dito (ainda farei um curso) e sim olhei para baixo d´água com snorkel e óculos .

De qualquer maneira, observar o mundo que existe dentro do mar, me faz refletir o quanto somos apenas coadjuvantes em nosso planeta. Saber que existem peixes, algas, corais, mamíferos e tantas outras formas de vida vivendo ali sem dar a menor bola para nossos governos, taxas, carros e construções é mágico.

Saber que algumas dessas formas de vida tem BILHÕES de anos, enquanto nós, os todo poderosos “Homo Sapiens” temos 200.000 de existência é um bom começo para colocarmos nossa cultura comum donos do planeta no bolso.

Os dinossauros teriam muito mais propriedade para requerer esse título que ostentamos, pois estiveram no topo da cadeia alimentar de nosso planeta por 160.000.000  de anos.

E ainda tem gente que leva a sério que papai do céu colocou Adão e Eva, à sua imagem e semelhança para colonizar o planeta com sua imensa sabedoria de um ser humano comum.

Não cabe a mim julgar a crença de ninguém, mas cabe no mínimo uma reflexão quando se olha toda a vida que há dentro de nossos oceanos.

Após o mergulho, (que não faço a mínima ideia de quanto durou pois perdi totalmente a noção da hora com o que vi), seguimos então para nossa próxima parada.

Descemos em uma praia totalmente comum, e andamos por uma trilha mais comum ainda, cercada de árvores baixas e sem nenhum atrativo extra.

Sequer podia imaginar que aquela trilha sem graça alguma me levaria  à vista mais incrível que já tive de uma praia. Olhando lá de cima pude contemplar todos os merecidos adjetivos que se referem a WhiteHaven Beach.

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Poderia usar várias palavras para descrever a vista, mas acabaria dizendo que estar ali me deixou sem palavras.

Após essas grandes emoções, voltamos para o início de nossa jornada, e todos os membros da excursão se despediram, mas certos de que eram pessoas diferentes que aquelas no início do dia.

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Diário de Bordo – Rafael Incao – Melbourne

11/07

Dia de madrugar. Dia de passeio com agência. Não é definitivamente minha forma favorita de viajar, mas as vezes é o melhor custo/benefício.

Na van estávamos eu, 3 norueguesas na faixa de seus 20 e poucos anos, 1 sueca, da mesma faixa etária, 2 italianas com seus 30 anos e uma holandesa, com 50. Sim, eu era o único homem do passeio.

Andamos por mais de uma hora até nossa primeira parada: Os 12 apóstolos. Sinceramente, dispensa apresentações tendo as fotos.

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Seguimos de lá para uma floresta tropical, com paisagem incrível, e umidade característica. Enquanto você respira, parece estar fazendo uma inalação.

A foto baixo foi tirada de dentro de uma árvore, e aquele pontinho branco lá em cima é a luz do sol. As árvores como essa vão morrendo de dentro pra fora, e essa já está nas últimas. O tamanho das árvores nessa floresta é algo impressionante, com algumas chegando a 110 metros de altura.

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Findo o dia, fomos para um resort  que era incluso no pacote contratado.

Jantamos pizza, e conversamos sobre as culturas de cada um dos países dos integrantes do grupo. Falamos de comidas, desigualdade social, legalização de drogas (uma holandesa sempre atrai esse tipo de assunto) como maconha, heroína e Ayushca, belezas naturais, e claro falamos muito e muito sobre a Austrália e outros lugares pelos quais passamos.

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Acordamos por volta das 7 para tomar um café da manhã coletivo e descobrir o cronograma do dia.

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Primeiro pegamos um Ferry, para então seguir para nossa primeira parada: uma praia onde se afogou um primeiro ministro. Bom, diz a lenda que se afogou, pois ele saiu pra nadar e nunca mais voltou. Dizem outras lendas que ele está em algum lugar do planeta, tramando algo.

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Na sequência fomos num museu, que conta a história das pessoas que vieram para a Austrália no inicio do século passado, para transformar o país na potência mundial que é hoje. A Austrália foi inicialmente colonizada por prisioneiros ingleses, que vieram para cá em busca de uma nova vida e de terras para construí-la.

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Nossa jornada continuou com um passeio a beira mar, com uma paisagem de tirar o fôlego. Ficamos sabendo por meio do guia que as casinhas por lá custam entre 20 e 25 milhões. De dólares, claro.

Nossa van era uma torre de babel. As nórdicas falavam entre si em seu idioma local, e comigo e o motorista em inglês. As italianas falavam entre si em sua língua materna, e uma delas falava em espanhol comigo e em francês com uma das nórdicas. A holandesa tadinha, não tinha com quem falar sua língua germânica, então arrastava um inglês engasgado sempre que solicitada.

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Passamos ainda numa fantástica fábrica de chocolcate (trocadilho inevitável), e para finalizar o dia fomos a uma praia ver a chegada dos pinguins. Eles vem todo dia pouco antes das 18 hs para comer e dormir. Infelizmente não consegui tirar fotos, pois a iluminação do local era bem baixa para não incomodar as aves.

Esse passeio de dois dias foi muito bacana, e creio que valeu cada um dos $265 dólares. Não estou dizendo que foi barato, mas andamos dois dias com motorista, comemos e dormimos bem, fomos a mais de 10 pontos lindíssimos, e tudo isso agraciado pelas nórdicas, que além de tudo cantavam excepcionalmente bem, e fizeram a trilha sonora da viagem inesquecível.

13/07

Dia de dar tchau para a melhor cidade do mundo.

Fui às compras em um bom outlet que tem ao lado da estação central. Melbourne sem dúvida é uma cidade onde se gasta muito menos do que em Sydney. Onde se come muito melhor do que em Sydney. Onde as pessoas são mais bonitas e a noite é mais agitada;

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Definitivamente gostei muito mais de Melbourne que de Sydney, mas acho que não precisava dizer isso né? Nenhuma crítica a Sydney, apenas acho que onde estou agora tem bem mais a ver com meu perfil.

Hoje tive uma surpresa bem desagradável. Voltei ao hotel e meu netbook (que na verdade nem é meu, pois o meu é grande demais pra trazer na mala) havia desaparecido.

Fui à recepção do hotel, e eles disseram que “ninguém viu nada”. Um hóspede que estava por lá, disse para mim que havia visto uma mulher da limpeza com um “pacote estranho”. Disse-me pra aguardar lá, que voltaria em breve.

 Não sei o que ele fez, o que ele falou ou quem procurou, mas em 5 minutos voltou ele com uma cara de putíssimo, e com o net embaixo do braço.

Disse-me que caso eu quisesse comunicar a polícia do fato ele seria testemunha, mas que a vontade dele era mesmo de encher a mulher de porrada, pois “Onde já se viu fazer isso com um turista”.

Também me disse que era realmente triste que alguns imigrantes desembarcassem na Austrália (ou em qualquer lugar) com esse tipo de propósito na cabeça, e que se você muda de país  mas não muda sua forma de agir sua vida será a mesma, não importa onde viva.

Não fui à delegacia, não por achar que o fato não merecesse atenção, mas por dois simples motivos:

  • Esse tipo de pessoa acaba se dando mal sozinha, sem precisar “de ajuda”
  • Eu não iria passar meu último dia na melhor cidade do mundo dentro de uma delegacia.

Fui para a Federation Square no entardecer, e mais uma vez me encantei com as belezas artísticas de Melbourne. Os teatros, os museus, igrejas e prédios comuns não apenas são lindos, mas são únicos, e certamente feitos com muito carinho e criatividade além de tijolos e ferros.

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Tive um problema com meu cartão de crédito e não conseguia passá-lo em lugar nenhum. Também não tinha nenhuma nota em minha carteira, só tendo os meus reais não trocados.

Consegui achar umas casas de câmbio com valores mais do que absurdos, e acabei coletando as moedinhas que jogo no fundo da bolsa para poder chegar ao aeroporto.

Fiquei surpreso quando vi que já tinha acumulado quase 20 dólares de moedas nesses dias.

Daqui sigo para White Sundays, uma parte da Austrália pouquíssimo visitada pelos turistas (e até pela maioria das pessoas que vivem aqui) apesar de ter as melhores praias do país.

Pode parecer absurdo que se venha tão pouco para cá, mas dado ao tamanho do país é compreensível, se comparado à quantidade de paulistanos que vai à Fernando de Noronha por exemplo.

 

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Diário de bordo – Rafael Incao – Melbourne – A Melhor Cidade do Mundo!

A melhor cidade do mundo.

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A Austrália possui 4 das 10 melhores cidades do mundo para se viver segundo a Unidade de Inteligência Econômica (EIU): São elas: Melbourne, Sydney, Perth e Adelaide. Segundo a instituição, Melbourne é a melhor delas não só da Austrália, mas também do mundo quando o assunto é qualidade de vida.

As posições são definidas com base numa combinação de estabilidade, cuidados de saúde, acesso à cultura e ambiente e infraestruturas. 

De 0 a 100, as cidades recebem uma pontuação geral e por categorias, sendo que 0 corresponde a “Intolerável” e 100 a “ideal”.
Tal como aconteceu em 2013, Melbourne continua na liderança (97,5 pontos), 

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No dia de hoje, que andei pela cidade, me perguntava constantemente o que significa qualidade de vida. Algumas respostas me vieram a mente pelo que observei, e são elas que compartilho abaixo.

Qualidade de vida significa ser recebido com sorriso, onde quer que você esteja

Qualidade de vida significa ser tratado com gentileza pelo próximo, não por obrigação, mas pela força do hábito

Qualidade de vida significa que os carros param para os pedestres, mas também que os pedestres atravessam na faixa, e esperar seu farol ficar verde

Qualidade de vida significa poder aquisitivo sim, mas muito mais que isso

Qualidade de vida significa você poder pagar o restaurante que quer, mas também significa ter o que dar de comer a seus filhos

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Qualidade de vida significa respeito às diferenças. Significa ver uma velhinha de 70 anos de cabelo de piercing no nariz e cabelo roxo, e não achar nada incomum, pois na próxima esquina encontrará um velhinho de 80 de moicano e jaqueta de couro

Qualidade de vida significa não empurrar os outros, mesmo que você esteja com pressa

Qualidade de vida significa ter todos seus direitos respeitados sim, mas também significa cumprir todos seus deveres

Qualidade de vida significa confiar em seus políticos de olhos fechados, mas manter os olhos abertos para todas atitudes tomadas por eles

Qualidade de vida não significa ganhar a copa do mundo, mas ter condições culturais e financeiras para ganhar o mundo

Qualidade de vida significa arte, em todas as suas palavras e todas as suas cores

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Qualidade de vida significa não só ter arte por todos os lados, mas sim educação e cultura para compreendê-la e valorizá-la

Qualidade de vida está em usar seu computador, relógio ou  na rua, sem medo de ser roubado

Qualidade de vida significa não ter nenhuma segurança perto dos caixas eletrônicos, e poder contar dinheiro na rua

Qualidade de vida significa não ver um carro de polícia pelas ruas, e mesmo assim se sentir completamente seguro

Qualidade de vida significa respeitar estrangeiros, e saber que eles não tem obrigação de falar a sua língua

Qualidade de vida tem muito mais a ver com quanto você tem na mente do que com quanto você tem no banco

Qualidade de vida significa ter o carro, a moto, a bicicleta que quiser, se quiser. Significa não ter nada senão a sola do sapato, se assim também quiser. Além disso, significa também desejar que seu vizinho possa ter o mesmo.

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Qualidade de vida vai além de se ter um jacaré em sua camisa polo, mas inclui não ter a menor ideia do que significa passar frio.

Qualidade de vida significa oportunidade de se aprender o que quiser, na idade que quiser

Qualidade de vida significa fazer o que você mais gosta, no lugar que escolher

Qualidade de vida está em respeitar os ciclistas, mas também em ver todos os ciclistas usando capacete e iluminação adequada

Qualidade de vida significa todas as calçadas rebaixadas para os cadeirantes

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Qualidade de vida está nos outros, mas tem que partir de dentro de cada um

Qualidade de vida está em se usar um banheiro limpíssimo, mesmo que esse esteja em uma estação de trem

Qualidade de vida está muito mais em ser do que em ter

Qualidade de vida não começa com Qualy, começa com você